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[Eu sou uma longa história, sou...]

Escreve, se puderes, coisas que sejam tão improváveis como um sonho, tão absurdas como a lua-de-mel de um gafanhoto e tão verdadeiras como o simples coração de uma criança (Ernest Hemingway)

[Eu sou uma longa história, sou...]

Escreve, se puderes, coisas que sejam tão improváveis como um sonho, tão absurdas como a lua-de-mel de um gafanhoto e tão verdadeiras como o simples coração de uma criança (Ernest Hemingway)

[O Adeus]

Carla M. Henriques, 13.06.23

Olho para ti pela última vez. Tu estás, tranquilamente, deitado na cama, a dormir. Acredito que, neste momento, nada te fizesse sair desse sono, profundo, em que te encontras.

Tu não sabes que eu estou aqui.

Tu não sabes que eu vou embora.

Tu não sabes que, no silêncio da noite, me vim despedir de ti. Do nosso Amor.

 

Eu amo-te.

Sabes?

Eu amo-te mais do que tudo na vida.

Eu amo-te desde o primeiro dia em que te vi.

Desde o dia em que te abracei pela primeira vez.

Eu amo-te com toda a minha alma e todo o meu ser.

 

Mas eu sei que o teu amor não me pertence.

Quis acreditar que sim.

Juro. Quis acreditar que também me amavas.

Eu sei que tu não me amas como eu te amo.

Eu sei que tu tens outra pessoa na tua vida.

Nem sei porque estás comigo.

 

Talvez não seja suficiente para ti.

Talvez não te faça feliz.

As lágrimas caiem pelo meu rosto abaixo. 

Não consigo controlá-las. 

Talvez tudo isto tenha sido  um erro.

Sei lá…

 

Eu sei que tenho de te deixar.

Eu sei que tenho de te libertar.

Eu sei que tenho de me libertar.

Por isso digo-te adeus mesmo em silêncio.

Adeus. 

 

Eu sei que vai doer.

Já está a doer. Como doi.

Eu sei que vai ser difícil. Muito.

Eu sei que vai ser a decisão mais dolorosa da minha vida.

Se vai…

 

Mas eu sei que é o melhor para nós os dois.

Eu sei que é o mais justo.

Eu sei que é o mais correto.

Não se trata do que eu quero.

Do que eu desejo ou anseio.

É o que tem de ser!

 

Olho uma vez mais para ti.

Dormes como um anjo.

Apetece-me acordar-te e beijar-te. Talvez pela última vez.  

Mas opto por pegar na minha mala e sair do quarto.

Fujo. Não posso recuar agora.

 

Em cima da mesa deixo uma carta e as chaves. Um adeus, em palavras, e tudo o que ainda me restava.

Saio, de mansinho, sem olhar para trás, para não haver lugar a arrependimentos.

Entro no carro.

Ligo o motor, ponho o rádio em altos berros, está a tocar a nossa música. Parece que adivinharam.

Arranco a fundo e vou sem olhar para trás.

 

Digo adeus. Disse Adeus.

Fiz a minha escolha! Era o que tinha de ser feito. 

 

 

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