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[Eu sou uma longa história, sou...]

Escreve, se puderes, coisas que sejam tão improváveis como um sonho, tão absurdas como a lua-de-mel de um gafanhoto e tão verdadeiras como o simples coração de uma criança (Ernest Hemingway)

[Eu sou uma longa história, sou...]

Escreve, se puderes, coisas que sejam tão improváveis como um sonho, tão absurdas como a lua-de-mel de um gafanhoto e tão verdadeiras como o simples coração de uma criança (Ernest Hemingway)

[lembrança...]

Carla M. Henriques, 26.08.24
Um dia serei apenas uma lembrança de alguém!
É uma certeza que paira silenciosamente sobre nós, como uma brisa suave que toca o nosso rosto antes de se dissipar. Às vezes, é somente um pensamento desconfortável, mas também uma lembrança poética da efemeridade da vida. Somos passageiros num fio de narrativas entrelaçadas, e, em algum momento, a nossa história transformar-se-á em apenas isso: uma lembrança! 
 
Um dia serei apenas as memórias de momentos passados!
O riso compartilhado numa mesa, as conversas de madrugada sob o brilho das estrelas, os abraços que aquecem a alma em dias frios. O que somos agora tornar-se-á em vestígios que outros manterão nos seus corações, como delicados pedaços de um quebra-cabeça que nunca mais serão montados da mesma maneira.
 
Um dia serei o retrato escondido no canto da sala, coberto por uma leve camada de pó, mas que, quando olhado com atenção, revelará uma história cheia de vida, alegrias e lutas. É muitas vezes mais fácil esquecer do que recordar, mas essa imagem, que em algum momento foi o centro das atenções, permitirá que aqueles que amei voltem a encontrar-me, mesmo que por um breve instante. Num canto da memória, eu estarei lá, uma lembrança do que fui.
 
Serei uma frase proferida milhões de vezes. Um trecho de amor, uma sabedoria compartilhada, uma música, um eco de risadas ou um lamento de saudade. Essas palavras continuarão a flutuar nas conversas, tornando-se parte do tecido da vida dos outros. Elas carregarão a essência de quem fui, e, mesmo que eu não esteja mais, a minha presença ecoará nas vozes de quem amei e que me amaram.
 
Um dia não serei mais do que uma bonita recordação para aqueles com quem partilhei a vida. Ser lembrado é, na verdade, uma forma de imortalidade. É saber que, de alguma maneira, ainda estarei por aqui, nas histórias contadas à mesa, nas lembranças que surgem, como um perfume antigo que evoca um momento especial. E isso, de certa forma, é um ato de amor.
 
No entanto, enquanto tiver a oportunidade de viver e amar, viverei plenamente, criarei memórias que não serão facilmente esquecidas. Que cada interação seja um presente, cada riso, uma nota na canção da vida que toco. Porque, no fundo, a verdadeira beleza está em saber que, mesmo que um dia eu me torne apenas uma lembrança, essa lembrança será um reflexo do impacto que causei.
 
Então faço uma promessa a mim mesma: valorizar cada momento, amar intensamente e aceitar que, embora a vida seja efémera, as memórias que crio nunca morrerão. Viverão pulsando nas histórias contadas, nas risadas compartilhadas e no carinho genuíno que dedico aos outros. 
 
Afinal, somos todos apenas um conjunto de histórias e memórias e, no final, isso é o que realmente importa! 
 
 

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