[dias...]
há dias em que me perco nos meus pensamentos para, aos poucos, me achar. fico, ali, em silêncio, refém dos meus pensamentos. da minha tristeza. das minhas dúvidas e incertezas.
nestes momentos, sinto-me como um náufrago num mar de memórias e emoções. as ondas dos pensamentos vêm em séries, algumas suaves, outras avassaladoras. permito-me afundar nas profundezas da minha mente, onde as lembranças e os sentimentos se misturam numa dança silenciosa. é uma viagem solitária, mas necessária. é uma viagem ao mais fundo e profundo, de mim.
a tristeza. a minha. a que sinto por mim. pelos que amo. muitas vezes, vem como uma companheira silenciosa, senta-se ao meu lado, sem proferir uma palavra, enquanto as lágrimas ameaçam cair. E ali, calmamente, em silencio, ficamos. as duas. lado a lado. aprendemos a respeitar-nos. eu a ela. ela a mim. somos velhas conhecidas. ela é uma velha conhecida, uma sombra que aparece, na maioria das vezes, sem ser convidada. fica ali. e eu permito. aceito. de alguma forma, ajuda-me a entender melhor quem sou e o que sinto. antes combatia-a. tentava fugir dela. não permitia que se aproximasse. agora? agora já não fujo dela; enfrento-a, escuto-a, e permito-me sentir tudo o que ela traz.
nestes dias, o silêncio é ensurdecedor, mas é nele que encontro as respostas que procuro. cada pensamento é uma peça de um puzzle complexo de mim. cada sentimento, uma cor que pinta o quadro da minha vida. e é no meio desta introspeção que, paradoxalmente, encontro a clareza.
e devagar, começo a emergir. a tristeza, embora presente, começa a dissipar-se, deixando espaço para a compreensão e a aceitação. encontro-me novamente, mais forte, mais consciente, mais completa.
há dias em que me perco, sim, mas é nesses dias que me encontro de novo, mais verdadeira, mais eu.
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